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Sutiã: qual a sua relação com essa peça?

Confesso que sempre evitei os sutiãs, mas de uns tempos para cá. Acabei estabelecendo outra relação com eles. Mas que tal saber um pouco mais sobre sutiã e a gente vai conversando sobre eles…Vem que no caminho te explico…

A história do sutiã e a relação com o crescimento do poder feminino!

As lingeries até hoje ainda são considerados tabus na sociedade. Mas, como estamos no tempo das mulheres que lutam por mais inclusão, independência e poder feminino, é importante falar sobre o tema e mostrar que cada um é dono do próprio corpo, podendo usar as peças que desejarem, independente do que a sociedade vai pensar.

Neste sentido, os sutiãs aparecem como uma peça fundamental, tanto em termos estéticos como também históricos e sociais.  Afinal, esta peça não é apenas um utensílio usado meramente para uma função simples. Na verdade, para além disso, ele demonstra bastante sobre as lutas relacionadas ao poder feminino.

História do sutiã

Para começar, é importante realizar uma contextualização histórica. Afinal, como a grande maioria dos fatores na sociedade, tudo é baseado em comportamentos e regras relacionadas ao comportamento humano em épocas passadas. Por isso, é importante contar a história para entender quais ações podem ser tomadas para que a vida se torne mais justa e igual para todos.

Antes de tudo, vale a pena falar sobre a palavra sutiã. Ela tem origem francesa, mais precisamente da expressão “soutien gorge”. Em uma tradução livre para o português, algo como apoiador de seios. Não à toa, em algumas peças comerciais e propagandas, é possível encontrar a grafia soutien, embora o mais comum seja o português sutiã.

De acordo com historiadores e estudos que tratam das vestimentas e de suas evoluções ao longo do tempo, a origem do sutiã remete à Grécia, ainda na Antiguidade. As mulheres mais privilegiadas, que não precisavam trabalhar, utilizavam panos na região dos seios. Isso, porém, era restrito a quem não trabalhava.

Caminhando ao longo da história, é preciso falar também sobre o período da Idade Média. Em uma época pautada por domínio de uma classe específica, os nobres, além da força da Igreja, o corpo feminino precisava ser recatado e protegido, principalmente nas famílias nobres e que tinham poder e uma reputação a manter.

Com isso, foi criado um padrão de beleza bastante claro, de corpos indicando elegância e altivez. A solução para que as mulheres garantissem esse estilo era o uso dos espartilhos, que de certa forma atuavam como sutiãs, já que preenchiam também a região do busto. Com esta peça, os seios ficavam acentuados, ao mesmo tempo em que a cintura se afinava. Para quem gosta de séries e filmes que remetem a este período, vale reparar como este era realmente o padrão, com acentuação dos seios e afinamento da cintura.

A questão é que este tipo de veste não era exatamente o mais confortável (nada confortável aliás) e saudável para as mulheres, indicando uma forte tendência social: o importante não era o bem-estar das moças, mas sim a imagem passada para a sociedade. Nenhuma liberdade ou estilo próprio. Como geralmente os espartilhos eram bastante apertados, há relatos de mulheres que acabaram até mesmo morrendo, por asfixia, quebra de costelas ou perfuração de alguma região por conta do forte aperto na vestimenta.

A patente do sutiã

Avançando na história, seguimos percebendo como o uso dos sutiãs e peças semelhantes tinham forte importância em termos sociais e comportamentais, muito mais do que a vontade ou não de as mulheres o utilizarem.

O primeiro modelo próximo ao dos sutiãs que conhecemos hoje em dia veio no fim do século XIX, com a francesa Herminie Cadolle. Ela pensou em uma peça que tinha alças nos ombros, ajudando a apoiar os seios. A oficialização do sutiã, porém, veio já em 1914. A norte-americana Mary Phelps foi a responsável por patentear o objeto.

Com as mudanças culturais e da sociedade, os sutiãs se tornaram cada vez mais peças que indicavam sedução. No século XX, fotos em revistas, com mulheres sem roupas, mas com o sutiã, eram tidas como símbolos sexuais, em uma sociedade ainda pautada pela superioridade masculina, com as mulheres sendo vistas como objetos de desejo.

Por isso, com o passar dos anos e o aumento da atenção e da organização de protestos e manifestações feministas, os sutiãs voltaram a ser vistos como objetos de luta e poder para as mulheres.

Um dos atos mais famosos neste tipo de manifestação se deu quando um grupo se reuniu e queimou sutiãs em frente a várias pessoas e câmeras, que captaram o ato em fotos. Não eram apenas o sutiã, como também maquiagens, cintos e outros objetos que representavam a subjugação das mulheres a um determinado padrão de beleza, criado pelas classes dominantes e sem se importarem com o conforto e a saúde das garotas.

Galeria de imagens

Luta segue forte atualmente

Desde então, as lutas por direitos iguais, liberdade e poder das mulheres cresceram bastante e, aos poucos, as mulheres começaram a ganhar seu espaço, ainda que haja um longo caminho pela frente. Cada vez nós lutamos para que a sociedade entenda que cada um é dono de seu corpo, podendo vestir o que achar que deve, né?

Neste sentido, mais uma vez os sutiãs aparecem como tema. Seja por mulheres que relutam em utilizá-lo, como exemplo de liberdade do corpo, mas também usando os mais diversos modelos, aquele que seja mais agradável e confortável, sem machucar ou incomodar.

Além disso, os diferentes tamanhos de sutiã indicam uma luta contra o ideal de que há um padrão de corpo definido. O tamanho dos seios não deve ser o diferencial para nada e, assim, cada mulher deve ter o direito de comprar e usar o modelo e o tamanho de sutiã que achar ideal, da cor que achar mais bonita, sem que nenhuma força externa da sociedade interfira

Nesse percurso de momentos de amor e ódio ao sutiã, descobri que eu não gostava porque sempre encontrava uns modelos errados, ou que me apertavam demais (vocês sabem que amo conforto) ou que ficavam largos e não ficavam bem em mim… Sim, foram anos para essa busca e hoje tenho uma relação ótima com sutiãs, continuo usando quando quero. Mas, posso dizer que hoje não me incomodo mais em ter que usá-los e até curto e busco por aí modelos lindos e confortáveis

E nessa eu reencontrei um site maravilhoso de lingerie online, o nome é Click Sophia. Vale a pena conhecer…

E aí, como é a relação de vocês com o sutiã

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4 comentários via blog

  1. Lulu on the sky

    Adorei saber mais sobre a história. Eu só uso quando saio de casa.
    Big Beijos,
    Lulu on the sky

  2. Samara Silva

    Gostei bastante do artigo, muito bom mesmo! Estou amando ler seus artigos e compartilhar com os amigos!

  3. Daiana

    Na verdade, não existiam corsets na Idade Média! Eles só aparecem de fato no século 16. O objetivo era sustentar os seios e manter a postura. Ao contrário do que os filmes mostram, não eram tão desconfortáveis, mesmo porque mulheres grávidas e trabalhadoras usavam (existiam muitos modelos e feito sob medida). Inclusive, para quem tem seios grandes é bem mais confortável do que o sutiã moderno, por conta da sustentação. Além disso, esses espartilhos que afinam a cintura é coisa de determinada época, porque cada período tem uma silhueta característica. Eles também não eram usados na pele como vemos em filmes, mas por cima de chemises! O projeto Traje Brasilis tem muita coisa legal sobre o assunto!

    1. Carol respondeu Daiana

      Que informação importante, super obrigada.
      bjs