UOU…faz tempo que não tenho uma pauta tão minha cara, explico….Ontem como contei aqui para vocês fui conferir o primeiro dia de desfile do SPFW, assisti ANIMALE(lindo) e UMA este último fez meus olhos brilharem como a muito tempo não acontecia. A identificação pessoal foi imediata, por diversos fatores, um deles foi que Raquel mergulhou no universo da dança para trazer movimento a sua uma coleção. Outro que foi que além de trazer a dança para a roupa, ela estava na passarela, com os bailarinos e a equipe da São Paulo Companhia de Dança(SPCD). Cia que tenho um carinho enorme, pela pessoas que fazem parte dela em especial Marcela Benvegnu e Inês Bogéa, e pelo trabalho que ela realiza(pra quem não fui pesquisadora convidada da Companhia).
Mas voltemos ao desfile(o raio do foco, que perco rs) conversei com a Raquel(estilista) e com o Rafael Gomes (coreógrafo do desfile e bailarino da SPCD), e com a Inês Bogéa, e fiz algumas perguntas. Vamos a elas..
Alfinetes de Morango: Raquel, para criar a coleção o que veio primeiro a roupa ou a dança?
Raquel Davidowicz: Primeiro veio a ideia de criar uma coleção urbana, com a ideia de trazer o comportamento autêntico das ruas. Em 2008, assinei o figurino da obra de Paulo Caldas, Entreato, e desde então tenho vontade de fazer outras coisas com a cia. Há três semanas atrás, liguei para Inês(Diretora artística da SPCD)s e propus que os bailarinos participasse do desfile, apresentando as roupas pela dança. A Inês topou e começamos a criar como seria. Foi completa a sinergia entre as peças da coleção e os bailarinos. O processo todo fluiu muito bem, muito trabalho e a cada ensaio nos tornávamos um coletivo.
Alfinetes de Morango: Você fez alguma adaptação nas roupas para que ela pudesse “servir” aos bailarinos.
Raquel Davidowicz: Não, a unica coisa que mudei foi os sapatos, adaptando um coturno a um calçado mais flexível.
Inês, qual foi a ideia para concepção dessa coreografia?
Ines Bogéa: A coreografia foi dividida em três partes, brincando com as cores da roupa e com momentos.A ideia foi dar movimento as peças, para a movimentação trouxemos algumas referências da ruas, como as toucas, gestual com mãos (espetadas) que representam os cílios posticos de travestis, coturnos que desenham no espaço esse caminho das ruas. Nesse sentido a roupa é uma pele social que une a moda com o mundo da dança.
Alfinetes de Morango:Rafael, me conta um pouco desse processo…
Rafael Gomes: Para criação dessa coreografia tivemos parceria com Hisato(DJ) que fez uma trilha que desse vida ao desfile. Minhas referências foram o pós punk, em uma ideia que somos seres da solitários andando pelo baixo Augusta. E que ao mesmo tempo em que estamos com o todo, estamos sozinhos. Na noite é mais ou menos assim que funciona.
Ainda estou em êxtase, porque já tivemos aqui no Brasil, desfiles que trouxesse a dança, mas não havia visto ainda essa união maravilhosa entre dança e moda. Esse blog começou com essa ideia de trazer um pouco de arte, dança e moda com uma linguagem que alcançasse um público maior. A ideia de descomplicar e aproximar a dança do grande público, vem sendo uma das minhas grandes preocupações enquanto pesquisadora de dança.
Tomara que esse seja um pontapé para que as relações entre moda e dança, dança e moda se estreitem cada vez mais. E que possamos ver traduzido em desfiles e espetáculos essa sinergia, que Raquel Davidowicz, tão bem traduziu em seu desfile. Preciso dizer que foi emocionante um êxtase para meus olhos de dançarina e admirado da moda…
fotos: Agência fotosite e Alfinetes de Morango.